UMA VEZ VOCÊ PERGUNTOU O QUE EU ACHAVA QUE ERA O CORAÇÃO DO MAR

e mesmo pensando muito ainda não sei o que te dizer.

junto algumas palavras como conchas na beira da praia e por um momento penso ter pelo menos uma ideia, um conceito forte, mas estou enganado, não passa de um balbucio confuso.

aí fico encucado e obcecado por essa ideia tão atraente; "o que é o coração do mar?" uma definição tão difícil, que parece não existir. me encanta... preciso dizê-la, mesmo que não concorde segundos depois.

o mar é o próprio coração e o resto do planeta é seu corpo, com cabeça, braços e pernas continentais. e é lá que mora uma imensidão de criaturas vivas, algumas tão misteriosas das quais nada sabemos, mas aceitamos. creio que conviver com o desconhecido dentro da gente é a coisa que nos faz rodar e o oceano é um mostruário perfeito do quão imenso podemos ser. só não responde a pergunta. o desconhecido pelo outro não quer dizer estranho para si. e as coisas do coração podem ser bem mais simples. acho que sempre sabemos o que se passa dentro do peito da gente, se estivermos atentos e realmente quisermos.

é frustrante perceber a lacuna tremenda que essa pergunta me causa. me sinto um homem da idade média fantasiando com monstros marinhos e alucinações causadas pela insalubridade das salinas. no final das contas, o que sei eu? se não posso encontrá-lo....

o mar não tem coração.