Dean
1 min readOct 23, 2019

SERVENTIA

suor espesso na boca áspera
luzes opacas infestando o ar
clima denso com suspense desnecessário
quis ser thriller tecnológico
dispensei a nouvelle vague à francesa
afetado pelo cinema novo
escondi as mãos nas costas
quando as pessoas finalmente chegaram
as atendi como se me importasse
mas desobedeci aos seus olhos
não dou o direito de encararem os meus
medidas evitativas para guerras nulas
parecia destruir contratos *tácitos
minha pequena perversão
revolta silenciosa – obediente
você notaria tamanha incongruência
um espaço sem vida na grande sala
entreguei as mãos vazias a testa
não consigo sustentar o peso
também não sairá um suspiro sequer
fiquei doente imaginando
os pés inflamados i doloridos
o ornamento em que havia me tornado
um pilar de carne ruindo pelos cantos
prédio velho eternamente desabado
bibelô de porcelana chinesa
decorativo como as festas de debutantes
alegoria humana [a metáfora é a anedota] i mimética
Y eu não fujo dali porque preciso
é conveniente ceder a este terror contemporâneo
parecido com impor limites
depois nega-los até ser uma nova personalidade

*escuso: quero a atenção devotada dos meus donos

Dean
Dean

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