os olhos fixos na parede do meu quarto
sua textura configurada de forma áspera
a luz que entra pela janela e pinta mosaicos
e inventam formas geométricas que não sei o nome
elas me atravessam como estranhos conhecidos
talvez me lembre de um passado pulsante
um homem ou mulher que foram importantes
e agora seguem por rumos que não os meus
me orgulho de ter perdido
mas sou melhor quando não cedo a fúria
e traço com os dedos na parede pequenas trilhas
podia jurar que ouvi sussurros
como me portar perante as tristezas
e que chorar por chorar não resolve nada
não há muito o que ser feito
apoio a cabeça inerte na parede
espero que o feriado da paixão passe ligeiro
para o que quer que tenha morrido retorne
e só na segunda uma decisão seja feita
por mim
pelo destino
pela parede amarela do meu quarto
a qual não suporto mais olhar