NÃO ALIMENTE OS POMBOS EXISTENCIAIS

descobre se pode e que não há brechas
espere com paciência nessa virtude metamorfa
sente o oco e os espaços entre os buracos na pele
semear semear semear semear semear semear
a semântica me detesta por não saber planta-la
o português na língua é anestesia descendo a medula
onde as consternações formigam as pernas sem dó
a cabeça sem apoio é apenas um membro metafórico
não me arrependo de desobedecer aos ritos
deve ser por isso que só perco aquilo que não preciso
então costuro velhos hábitos e os abandono na rua
dentro de sacolas plásticas de super mercado
porque já não me serve mais ser imaturo

apesar de continuar odiando tomar remédio