A POESIA QUE NUNCA FIZ PARA VOCÊ
um pé pisando meu rosto
estou nessa cama estranha
olhos vigilantes i maliciosos
numa madrugada de outubro
distante de onde nos víamos
senti teu cheiro por acaso
alguém com outro corpo
outra voz
Y certamente outra paixão
de pisar com força na minha cara
mas lembrei de ti na hora
essa memória dolorida i boa
foi como presas no pescoço
a peçonha vívida i ardida na jugular
viscosidade brilhosa - amarga
cobra amassando o peito
cobra deixando tudo dormente
cobra matando as coisas por dentro
nunca tinha visto tanta força
estou imóvel cedendo a corpulência
o ar comprimido em partículas
inspirei fundo como se sarasse
na intenção de capturar teu aroma
senti saudades de tentar ser simples
as coisas nunca foram com a gente
era mesmo outra pessoa
com seu cheiro